Ocupar Brasília

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Na noite do dia 19 de abril úl­timo, o go­verno ile­gí­timo do gol­pista Mi­chel Temer - com ma­no­bras opor­tu­nistas e ines­cru­pu­losas da base aliada - aprovou na Câ­mara Fe­deral, em se­gunda vo­tação (na pri­meira, do dia an­te­rior, tinha sido re­jei­tada), a ur­gência da Re­forma Tra­ba­lhista, apesar dos car­tazes que foram er­guidos no ple­nário com os di­zeres “Cunha de novo não” e “Mé­todo Cunha não”.
    
Dizer que a Re­forma Tra­ba­lhista “mo­der­niza” as re­la­ções de tra­balho, porque com ela irá pre­va­lecer o “acor­dado” (no diá­logo entre em­pre­gados e em­pre­ga­dores) sobre o “le­gis­lado” (na CLT e na Cons­ti­tuição, que ga­rantem os di­reitos dos tra­ba­lha­dores(as)), é uma grande ar­ma­dilha. Mal com­pa­rando, é a mesma coisa que dizer: daqui para frente, o que irá pre­va­lecer no ga­li­nheiro, não será mais a se­gu­rança de sua es­tru­tura fí­sica, mas o “acor­dado” entre as ga­li­nhas e a ra­posa.

As Re­formas (na re­a­li­dade, con­trar­re­formas) da Pre­vi­dência e Tra­ba­lhista e a Lei da Ter­cei­ri­zação - cí­nica e des­ca­ra­da­mente men­ti­rosas - são uma cons­pi­ração po­lí­tica di­a­bó­lica desse go­verno ile­gí­timo e seus ali­ados contra os di­reitos dos tra­ba­lha­dores(as) e a favor dos pri­vi­lé­gios dos po­de­rosos (os donos do di­nheiro).

Nunca esse go­verno falou em taxar as grandes for­tunas e os lu­cros exor­bi­tantes dos ban­queiros para re­solver a cha­mada crise. Só os tra­ba­lha­dores devem pagar a conta de uma crise - se é que existe - que não foram eles que cri­aram. É o deus di­nheiro, com seus iní­quos ado­ra­dores, que go­verna o Brasil e o mundo. Tudo (so­bre­tudo a vida dos tra­ba­lha­dores(as) e dos po­bres em geral) deve ser sa­cri­fi­cado no altar desse deus.

O do­cu­mento das Cen­trais Sin­di­cais “A greve de 28 de abril con­tinua”, di­vul­gado no dia 1º de Maio (Dia do Tra­ba­lhador/a), afirma: “o dia 28 de abril de 2017 en­trará para a his­tória do povo bra­si­leiro como o dia em que a mai­oria es­ma­ga­dora dos tra­ba­lha­dores disse NÃO à PEC 287, que des­trói o di­reito à apo­sen­ta­doria, NÃO ao PL 6787, que rasga a CLT e NÃO à lei 4302, que per­mite a ter­cei­ri­zação de todas as ati­vi­dades de uma em­presa!”.

Con­tinua o do­cu­mento: “Sob a pa­lavra de ordem ‘em 28 de abril vamos parar o Brasil’ todas as Cen­trais Sin­di­cais e suas bases se mo­bi­li­zaram, de norte a sul do país, im­pul­si­o­nando uma imensa pa­ra­li­sação das ati­vi­dades e grandes ma­ni­fes­ta­ções de pro­testo. Tra­ba­lha­dores dos trans­portes ur­banos, das fá­bricas, co­mércio, da cons­trução civil, pres­ta­dores de ser­viços, es­colas, ór­gãos pú­blicos, bancos, portos e ou­tros se­tores da eco­nomia cru­zaram os braços. E este ato contou com o apoio dos Mo­vi­mentos So­ciais (Po­pu­lares), como a UNE, de En­ti­dades da so­ci­e­dade civil como a CNBB, a OAB, o Mi­nis­tério Pú­blico do Tra­balho, as­so­ci­a­ções de ma­gis­trados e ad­vo­gados tra­ba­lhistas, com o apoio dos nossos com­pa­nheiros do Mo­vi­mento Sin­dical In­ter­na­ci­onal, e contou também com uma enorme sim­patia po­pular”.


As Cen­trais Sin­di­cais de­claram: “com nossa ca­pa­ci­dade de or­ga­ni­zação, demos um re­cado con­tun­dente ao go­verno Temer (ile­gí­timo) e ao Con­gresso Na­ci­onal: exi­gimos que as pro­postas ne­fastas que tra­mitam em Bra­sília sejam re­ti­radas. Não acei­tamos perder nossos di­reitos pre­vi­den­ciá­rios e tra­ba­lhistas”.

E ainda: “nos atos de todas as Cen­trais Sin­di­cais pelo país neste 1º de maio de 2017, Dia do Tra­ba­lhador, re­a­fir­mamos nosso com­pro­misso de uni­dade para der­rotar as pro­postas de Re­forma da Pre­vi­dência, da Re­forma Tra­ba­lhista e da Lei que per­mite a ter­cei­ri­zação ili­mi­tada”.

Com a força de sua uni­dade e com a cer­teza de vi­tória, as Cen­trais Sin­di­cais de­cidem: “o pró­ximo passo é ocupar Bra­sília para pres­si­onar o go­verno e o Con­gresso a re­verem seus planos de ata­ques aos sa­grados di­reitos (re­parem: sa­grados di­reitos!) da classe tra­ba­lha­dora”.

Con­cluem re­a­fir­mando: “sobre essa base, as Cen­trais Sin­di­cais estão abertas, como sempre es­ti­veram, ao diá­logo. Se isso não for su­fi­ci­ente as­su­mimos, neste 1º de maio, o com­pro­misso de or­ga­nizar uma re­ação ainda mais forte”.

Ter­minam o do­cu­mento com as pa­la­vras de ordem: “VIVA A LUTA DA CLASSE TRA­BA­LHA­DORA! VIVA O 1º DE MAIO! ABAIXO AS PRO­POSTAS DE RE­FORMAS TRA­BA­LHISTA E DA PRE­VI­DÊNCIA! NE­NHUM DI­REITO A MENOS!”.

As­sinam os pre­si­dentes das Cen­trais Sin­di­cais:

Antônio Neto, da Cen­tral dos Sin­di­catos Bra­si­leiros (CSB)
Adilson Araújo, da Cen­tral dos Tra­ba­lha­dores e Tra­ba­lha­doras do Brasil (CTB)
Vagner Freitas, da Cen­tral Única dos Tra­ba­lha­dores (CUT)
Paulo Pe­reira da Silva, Pau­linho, da Força Sin­dical
José Ca­lixto Ramos, da Nova Cen­tral (NCST)
Ri­cardo Patah, da União Geral dos Tra­ba­lha­dores (UGT)
    
Pa­ra­béns às Cen­trais Sin­di­cais pela uni­dade na luta! Tra­ba­lhador unido, ja­mais será ven­cido! Es­tamos com vocês!
    
Em tempo: A Co­missão que ana­lisa a Re­forma da Pre­vi­dência na Câ­mara Fe­deral aprovou - na quarta-feira, dia 3 de maio - o texto do re­lator Arthur Maia (PPS-BA). Foram 23 votos a favor e 14 con­trá­rios. Para ser apro­vado, o texto pre­ci­sava de 19 votos.

É mais uma sa­fa­deza! Re­al­mente, a mai­oria dos nossos de­pu­tados fe­de­rais é um bando de opor­tu­nistas de­so­nestos e to­tal­mente in­sen­sível aos apelos dos tra­ba­lha­dores(as). Não de­sa­ni­memos! Deus está do nosso lado. A vi­tória final será nossa.

Frei Marcos Sas­sa­telli, frade do­mi­ni­cano, é doutor em Fi­lo­sofia (USP), em Te­o­logia Moral (As­sunção - SP) e pro­fessor apo­sen­tado de fi­lo­sofia da UFG.

 

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