O Ensino Médio é notadamente um dos gargalos da educação brasileira. Alguns de seus desafios podem ser traduzidos em números: há 1,6 milhão de adolescentes de 15 a 17 anos fora da escola; destes, 10%, em média, não estudam, nem trabalham.

No entanto, a etapa também tem que lidar com uma tarefa igualmente urgente, só que de natureza mais subjetiva: qualificar o ensino e torná-lo mais significativo aos adolescentes, o que passa por conhecer a realidade das juventudes em profundidade.

É sobre este cenário que o documentário “Nunca me Sonharam”, uma iniciativa do Instituto Unibanco, dirigido por Cacau Rhoden e produzido pela Maria Farinha Filmes se debruça. O longa metragem se propõe a fazer uma análise do Ensino Médio a partir da interlocução com estudantes, que são convidados a falar dos sonhos, expectativas e dificuldades que levam diariamente para a escola.

Em uma hora e meia, é possível conhecer a experiência de 70 personagens, entre os quais também figuram educadores e especialistas em educação. Conforme a narrativa se costura, se evidencia a necessidade de que o sistema educacional se comprometa com a transformação da vida dos adolescentes.

“O país esqueceu da educação pública ao longo da sua história”, avaliou o superintendente executivo do Instituto Unibanco, Ricardo Henriques. Para ele, isso é decisivo para que, sobretudo o Ensino Médio, seja produtor de tanta desigualdade social.

Compartilha da visão o diretor Cacau Rhoden. “Os obstáculos que os estudantes enfrentam no convívio em sociedade impactam diretamente não só suas vidas particulares, mas a escola e a educação como um todo, o que gera um ciclo vicioso”, avalia ao considerar as taxas de evasão escolar ainda não contornadas pela etapa escolar.

Para os especialistas, nesse sentido, o filme atua como um instrumento provocador de debate e reflexões. E ainda que reconheça a necessidade das escolas serem propositoras de mudanças qualitativas, também entende que o espaço e sua comunidade não podem ser os únicos responsabilizados.

“Não há política de transformação possível sem sonhar as pessoas. Isso é da natureza da responsabilidade pública. Sonhar o outro é uma medida radical de empatia para desenhar política pública. É preciso elo com a alteridade”, atesta Henriques.


Onde assistir

O documentário será exibido durante a 4ª edição do Festival Ciranda de Filmes, em São Paulo. Nesta quinta 25, haverá uma sessão gratuita do longa metragem no Espaço Itaú de Cinema, na rua Augusta, às 14h30.

O filme  chega ao circuito comercial de cinema no dia 8 de junho em São Paulo e Rio de Janeiro, e deve oferecer sessões gratuitas no primeiro final de semana.

Já na semana que antecede a estreia nos cinemas, de 1 a 7 de junho, o documentário também fica disponível para educadores de todo o Brasil na plataforma Video Camp.

 

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